A POSIÇÃO DO CENA-STE SOBRE O ESTADO DA CULTURA «A RESPOSTA DO GOVERNO É CLARAMENTE INSUFICIENTE»

Rui Galveias, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audovisual e dos Músicos (CENA-STE), agradeceu o desafio feito pelo nosso jornal e respondeu a três perguntas sobre a situação actual da Cultura provocada pelo novo coronavírus.

– O CENA-STE está satisfeito com as soluções encontradas pela ministra da Cultura?

– Não. A resposta é claramente insuficiente. Como, aliás, já afirmámos em comunicado as poucas medidas propostas, em que se incluem o apoio à criação artística de um milhão de euros com um prazo de candidatura de duas semanas (!), plataforma de encontro online entregue às mãos de privados e o inconsequente TV FEST que até poderia ser feito noutros moldes pela Estrutura que absorve metade do Orçamento de Estado para o Ministério da Cultura e não precisaria de qualquer apoio financeiro para o fazer, são totalmente insuficientes. Aliás, essa estrutura pode e deve fazer muito mais pela Cultura, divulgando e comprando conteúdos, ou honrando os compromissos que tem vindo a adiar.

– Já foram recebidos no Ministério do Trabalho?

– Não, nem obtivemos qualquer resposta. Entendemos que esse contacto é tão importante como com o Ministério da Cultura. As nossas reivindicações mais urgentes têm a ver com a política de Cultura, mas tem sobretudo a ver com a situação dramática de todos os trabalhadores do sector muitos com vínculos precários, completamente desprotegidos e fora do chapéu das medidas para os trabalhadores a recibos verdes e para os pequenos empresários.

– A classe está unida na defesa dos seus direitos?

– A classe compreende que a união é fundamental para resolver os problemas que têm em comum, fruto da falta de uma política séria para o Sector e de décadas de degradação da sua condição enquanto profissionais. Comprende, também, cada vez mais que a precariedade das relações laborais e o sub-financiamento crónico são os grandes e crónicos problemas. Ainda assim é muito importante que os trabalhadores ganhem mais consciência. Este sector vai desde os que fazem os Festivais de Verão até aos que fazem ficção para televisão e passam pelo cinema, pela música, pela ópera, pela dança e pelo teatro. Estamos a falar de técnicos, frentes de sala, roadies, actores, músicos, bailarinos, performers, administrativos, cenógrafos, coreógrafos, realizadores e operadores de câmera… Podemos continuar a nomear todas estas profissões mas, de facto, os problemas são comuns e urgem respostas para esta situação de emergência, mas também para o Futuro do sector. – Alves de Carvalho

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Director do jornal O Sesimbrense