Portugal está na final do Mundial de hóquei em patins, seniores masculinos, após derrotar nas meias-finais a campeã em título Espanha – ganhou seis das sete últimas edições do campeonato. Ante o conjunto anfitrião – o encontro teve por palco o magnífico Palau Blau Grana, propriedade do FC Barcelona e, diga-se em abono da verdade, é a primeira vez que vimos várias clareiras nas bancadas num jogo deste cariz – a selecção comandada por Renato Garrido respondeu bem ao maior pendor ofensivo do opositor, que abriu o activo a 14 s do intervalo por Jordi Adroher, atleta que milita no Benfica. O conjunto luso soube sofrer, demonstrando um espírito de entreajuda notável e viu a sua dedicação ao jogo coroada com o golo do empate, assinado por Gonçalo Alves (29.08). Seis minutos e meio volvidos, João Rodrigues conseguia a remontada. Nas balizas, Ângelo Girão brilhava e Sergi Fernandez acompanhava-o de perto. Aos 48.22, Ignacio Alabart empatou e lá veio o prolongamento, a exemplo do que aconteceu na véspera com os italianos. O trio maravilha – o citado Girão, Hélder Nunes e João Rodrigues – conduziu Portugal à final do Mundial, que se realiza domingo, às 17H00, no Palau Blau Grana e com transmissão em directo na RTP1. A Argentina está mais fresca fisicamente – ontem ganhou à França por 3-0 na outra meia-final efectuada no mesmo local -mas a selecção nacional tem argumentos suficientes para dar a melhor prenda que o técnico Renato Garrido (treinador da Oliveirense) pode receber dois dias depois de completar 46 anos: o título mundial, que nos escapa desde 2003. Temos de recuar a 1993 – Pavilhão de Sesto San Giovanni, em Monza, arredores de Milão -, altura em que os portugueses venceram um Mundial pela última vez fora de casa: foi com a Itália, no desempate por penáltis, golo assinado por Filipe Santos que, ao recordá-lo, ainda hoje nos emocionamos. De regresso ao desafio de ontem, não vencíamos os espanhóis, em sua casa para um Mundial, desde 1960! O trio de ‘artistas’, mais os ‘carregadores de piano’, atletas insubstituíveis em qualquer modalidade colectiva, podem ganhar aos argentinos amanhã, embora as duas selecções não se encontrem numa final de um campeonato do Mundo desde 1995, no Recife, Brasil, com o triunfo a sorrir ao conjunto hoje comandado por José Luís Páez, uma referência do hóquei em patins deste país sul-americano, um ‘artista’ ao nível de Daniel Martinazzo ou de Panchito Velásquez, executantes exímios do aléu e patinadores de primeira categoria. Voltando à partida com os espanhóis, comandados por Alejandro Dominguez (actual treinador do Benfica), o golo de Jorge Silva, a 43′ do fim, acabou com qualquer hipótese de reviravolta dos anfitriões, que nessa altura tinham trocado o guarda-redes por mais um jogador de rinque. A baliza estava escancarada e a bola entrou. E o sonho português ganhou mais força e legitimidade. Espanhóis e franceses jogam amanhã (14H30) pelo terceiro lugar no pódio, a medalha de bronze. Por fim, diga-se que os espanhóis Edu Lamas e Xavier Malian, ex-Liceo da Corunha, vão vestir as camisolas do Benfica e do FC Porto, respectivamente, na próxima época. Outros resultados (do 5º ao 8º lugares): Angola-Chile, 7-4 e Itália-Colômbia, 8-5. Angolanos e italianos vão ‘lutar’ pelo 5º lugar, chilenos e colombianos pelo sétimo.
No Mundial sénior feminino, Portugal regressou aos triunfos (o segundo na prova): 0-5 diante da Suíça, tentos apontados pela capitã Marlene Sousa (3), Ana Catarina Ferreira e Tânia Freire. O desafio efectuou-se em Vilanova i el Geltrú, local onde decorreu a fase de grupos dos seniores masculinos. As portuguesas vão jogar com as alemãs para a 5ª posição. Refira-se que a Alemanha venceu a França: 2-3. A final feminina é entre a Argentina e a Espanha, que ganharam por 4-3 e 2-4 ao Chile e à Itália, respectivamente. Chilenas e italianas vão jogar pela medalha de bronze. – Alves de Carvalho