O concerto que o Maestro António Victorino de Almeida e a cantora luso-belga Nádia Sousa deram no pretérito dia 7 de Dezembro no Cineteatro Municipal João Mota, em Sesimbra, conduziu-nos até à música francesa, em especial Edith Piaf, assim como algumas canções de Jacques Brel – como esse lindíssimo poema ‘Ne Me Quitte Pas’ – e menos de Charles Aznavour. Mas, foi sobre a obra e a vida amorosa conturbada de Piaf que o Maestro e a Nádia contaram ao público, que compareceu à chamada em quantidade razoável, dado que o espectáculo tinha sido cancelado em 23 de Novembro porque a cantora estava engripada. E ainda agora confessou, no final do concerto, que o problema não estava totalmente ultrapassado, talvez por isso a sua duração foi um pouco mais curta daquilo que estava anunciado. Victorino de Almeida contou que apenas o pugilista francês Marcel Cerdan – uma das paixões da cantora – a tratou com respeito e delicadeza, ao contrário de outros amantes que, por vezes, a maltratavam. Assim, Edith Piaf dedicou a canção ‘Mon Dieux’ ao falecido pugilista, canção cantada com muita alma por Nádia, aliás um dos predicados da artista como se (ou)viu em ‘Milord’ e ‘La Vie en Rose’, por exemplo. Edith Piaf nasceu em 1915, filha de um acrobata e de uma cantora de cabaré, foi criada pelos avós num ambiente de alguma solidão. Conhecida como La Môme Piaf (pequeno pardal), Piaf acabou por viciar-se na morfina e no álcool por causa das dores reumáticas que a atormentavam. Após breve romance com Charles Aznavour e um casamento de quatro anos com Jacques Pills, envolveu-se com o cantor Georges Moustaki. Depois de tantas tragédias na sua vida – sofreu dois graves acidentes rodoviários -, em 1960 Piaf interpretou, já fragilizada, ‘Non, Je Ne Regrette Rien’, um dos seus maiores sucessos. Sem condições físicas a até psicológicas para retomar a carreira artística, Edith Piaf viveu os últimos dias ao lado de Theo Shapiro (cantor) e da sua enfermeira. Morreu no dia 10 de Outubro de 1963, vítima de um cancro no fígado. A cançoneta francesa e mundial não a esquece.
– Alves de Carvalho