O cantautor Patxi Andión, o mais português dos músicos espanhóis, morreu hoje (18 de Dezembro), às 7H55 hora portuguesa, num acidente de viação ocorrido numa autoestrada do país vizinho, concretamente em Cubo de la Solana, província de Sória. O cantor, de 72 anos, conduzia um Land Rover, que saiu da sua faixa de rodagem. Com uma ligação forte a Portugal, que remonta ao tempo da ditadura – chegou a ser expulso pela Pide -, Patxi Andión deu em Setembro último vários concertos no nosso País, comemorativos dos 50 anos de carreira. No pretérito mês de Novembro lançou o álbum ‘La Hora del Lobicán’, disco comemorativo de meio século de canções: o disco de estreia, ‘Retratos’, data de 1969. No tempo do franquismo a sua obra foi censurada e o músico exilou-se em França, onde tomou contacto com a música de intervenção portuguesa produzida nessa época. Foi amigo de José Carlos Ary dos Santos e conheceu José Afonso, a quem se referia como “amigo Zeca”. A 24 de Março de 1974 actuou, pela primeira vez, em Portugal, no Coliseu dos Recreios lotado e vigiado pela Pide/DGS. Ao longo da sua carreira cantou José Afonso: ‘Venham mais Cinco’ e ‘Traz Outro Amigo Também’. Em 2017 recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores entregue pelo seu presidente, José Jorge Letria. No recente álbum editado incluiu ‘Vaga no Azul Amplo, Solta’, canção composta a partir de um poema de Fernando Pessoa. Patxi nasceu a 6 de Outubro de 1947 em Madrid mas foi levado com poucos dias para o País Basco, região de onde eram naturais seus pais e com a qual sempre se identificou. ‘Puedo Inventar’, ‘Tiempo, Tiempo’, ‘Porque me Duele la Voz’, ‘El Maestro’, ’20 Aniversario’, ‘Una, Dos y Tres’, ‘Amor Primero’, ‘Nos Pasarán la Cuenta’, ‘Canela Pura’, ‘Canto’, ‘Doña Anita’, ‘Los Bur-manos hu-gueses’, ‘Samaritana’, ‘Y es Mar’, ‘Compañera’ e ‘Analie’ são algumas das suas canções mais brilhantes e que perdurarão para sempre na nossa memória e que nunca nos cansaremos de ouvir.
– Alves de Carvalho