Mykola Plaminskyy: “Paz e Saúde para todos”

A viver em Sesimbra desde Abril de 2000, Mykola Plaminskyy ficou surpreendido com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia: “Até porque Putin garantia que os povos russos e ucraniano eram irmãos”. E, de facto, a cultura é parecida e muitos ucranianos falam russo. A língua natal de Mykola é o ucraniano, mas também ele teve de aprender russo, por ser obrigatório quando andou na escola.
Existem também muitos laços familiares entre os dois povos: “Muitas famílias ucranianas têm família na Rússia, alguns estão casados com russos. Por exemplo, a mãe da minha mulher nasceu na Rússia”. Mykola destaca que também são muitos os que estão contra a guerra: “Tenho muitos amigos aqui em Sesimbra que são russos e eles também estão contra a guerra”.
A sua mãe saiu da Ucrânia na véspera da invasão, deslocando-se para Itália, país onde chegou a estar emigrada. O pai, pelo contrário, preferiu por enquanto ficar.
Mykola é originário de Rivne, uma cidade de 400 mil habitantes, que dista 200 km da fronteira com a Polónia. Nesta cidade já foram atingidos um aeroporto e depósitos de combustível, neste último caso um bombardeamento recente.
Mykola não é único da família que emigrou: tem uns primos, originários da Crimeia, que foram para a Suécia e a sua mãe já trabalhou em Itália durante muitos anos.
A Suécia, aliás, era o destino para onde pretendia emigrar. No entanto, o pai, que estava nessa altura em Portugal, convenceu-o a vir até este país, com planos para ficar apenas durante seis meses. Mas a experiência de vida em Portugal – e em Sesimbra – convenceu-o de que era a melhor opção. Entretanto a sua mulher veio também para Portugal e a sua filha já nasceu neste país.
Mykola tem saudades da Ucrânia onde habitualmente ia de férias com a família, de dois em dois anos. mas a mulher e a filha já não querem ir para lá, estando completamente integradas na vida local. Tem formação profissional como inspector de segurança alimentar. Em Portugal trabalhou inicialmente na construção civil, como pintor, mas é agora motorista dos TST, emprego que se tornou possível por ter carta de condução de pesados, tirada na Ucrânia.
É bastante conhecido pelas pessoas da terra, pois dirige com frequência o autocarro que faz a circulação pela vila. É um trabalho que exige paciência com as pessoas mais idosas, mas que ele aprecia. Quando chegou a Portugal passou a morar na Almoinha, mudando depois em Sesimbra e reside actualmente com a família na Cotovia.
Não consegue prever qual a evolução que a guerra na Ucrânia tomará, ou por quanto mais tempo se durará, mas faz votos para não se prolongue: “O que posso desejar a todos é paz, e saúde.”

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Director do jornal O Sesimbrense