Transportes Metropolitanos de Lisboa

A Carris Metropolitana (agora designada Transportes Metropolitanos de Lisboa), a nova entidade constituída pela Área Metropolitana de Lisboa, começou a anunciada “revolução” nos transportes públicos em Sesimbra, no passado dia 1 de Julho.
As mudanças mais notórias verificaram-se nos autocarros, muitos deles novos e outros renovados, ostentando agora como cor dominante o amarelo. Outra novidade foi o mural pintado na fachada lateral do Edifício Avenida, virada para o terminal rodoviário de Sesimbra.
Também houve mudanças nos horários, que agora, para além das opções “dias úteis”, “sábados” e “domingos e feriados”, apresentam também a opção “período de férias escolares”.
As carreiras do município de Sesimbra mantiveram-se no essencial, mas com algumas alterações: por exemplo, foi retomado o percurso “Sesimbra-Cacilhas” e a carreira que ia de Sesimbra para a estação ferroviária dos Foros de Amora prolonga-se até à estação de Corroios. Foi também criada uma nova carreira que circula no interior da Quinta do Conde.
A Câmara Municipal de Sesimbra afirma que está previsto um aumento superior a 50 por cento na oferta de linhas e horários, de forma gradual até ao início do próximo ano – embora não seja claro se este aumento se refere apenas a Sesimbra ou a toda a zona do Lote 3 (Almada, Seixal e Sesimbra).
Outra novidade é a de que no terminal de Sesimbra foi instalado um gabinete de atendimento onde são prestadas informações e fornecidos horários, e onde também se emite e carrega o Navegante, o cartão que funciona como um passe pessoal.

ALGUNS PROBLEMAS
A nova situação levantou alguns problemas, um dos quais terá sido a dificuldade em relacionar as antigas e as novas carreiras (na página seguinte apresentamos a referida correspondência).
Problema mais grave foi o do insuficiente número de lugares da carreira 3721 Sesimbra – Lisboa (Sete Rios) via autoestrada. As novas viaturas apresentam menos lugares sentados, embora compensados por lugares em pé: cerca de 53 lugares sentados nos autocarros antigos, e 33 nos novos. Como a lei não permite que na autoestrada sigam passageiros em pé, os novos veículos revelaram-se insuficientes para a procura, sobretudo nas horas de ponta. Chegou a acontecer a situação caricata de passageiros que entraram no autocarro em Lisboa e atravessaram a ponte em lugares em pé, terem sido convidados a sair na paragem da Portagem; numa destas situações os passageiros impediram a saída das pessoas e o autocarro teve mesmo de circular na autoestrada com alguns passageiros em pé. Também registámos algumas queixas de horários em que os autocarros simplesmente não apareceram.
São poucas as carreiras a partir de Sesimbra entre as 20 e as 23 horas, dificultando, por exemplo, a frequência de actividades culturais na vila no período nocturno.
Registaram-se igualmente algumas queixas devido à supressão de horários ou alteração dos percursos. Num destes casos – a carreira 3543 Quinta do Conde – Coina – a empresa acabou por alterar o percurso e passou a circular pela Av. Principal e pela EN10, ou seja, vias por onde circulava a antiga carreira 2N da Sulfertagus.
Uma das funções que não foi possível ter a funcionar no dia 1 de Julho foi a da validação automática dos cartões Navegante, pelo que tem sido possível viajar sem pagar – mesmo agora, passado quase um mês, só poucos autocarros validam os passes.
O Presidente da Câmara de Sesimbra admite que “o arranque desta nova operação não está isenta de falhas” mas garante que a autarquia e o operador “avaliarão e procurarão resolver as situações identificadas.”

MELHORIAS
Os novos autocarros apresentam evidentes melhorias face à anterior frota dos TST: são mais confortáveis – excepto talvez quando seja necessário viajar em pé, o que não devia ser necessário nos percursos interurbanos – e estão equipados com tomadas para carregamento de telemóveis.
Uma viagem na carreira 4642 Sesimbra – Setúbal, num dos novos autocarros com janelas panorâmicas, passando pelas aldeias de Azeitão e atravessando a zona vinícola da Arrábida, tem qualidade suficiente para ser promovida como circuito turístico: uma sugestão que aqui deixamos.
A informação nas paragens melhorou, com a afixação das horas de passagem – embora algumas só tenham espaço para o máximo de 8 horários.
O operador do novo sistema é a entidade Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que concessionou o serviço à empresa TST – Transportes Sul do Tejo, e os funcionários continuam a ser empregados dos TST, tal como o material circulante.
Para os concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, os TST possuem agora um total de 339 autocarros, dos quais 236 são novos, fornecidos pela Iveco Portugal.

DESAFIOS
É notório que circulam agora muitos autocarros de transporte público, mas também é visível que alguns deles circulam quase vazios, ou mesmo sem qualquer passageiro – sobretudo nas ligações entre Sesimbra e as aldeias próximas. Devido a este problema, no passado os TST criaram o “transporte a pedido” (feito de véspera) que, a prática, era uma supressão de carreiras e que não existem no actual modelo.
É indiscutível que, no futuro, muito mais pessoas terão de utilizar o transporte colectivo, e a melhoria do serviço é uma condição essencial para essa mudança, mas enquanto isso não acontece será racional manter transportes subutilizados?
Outra dúvida que se mantém é a de saber quando será construído um novo terminal rodoviário em Sesimbra, pois a actual solução deixa muito a desejar.

J. A. A.

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Director do jornal O Sesimbrense