José Almeida Marques

O jornal “O Sesimbrense” propôs uma entrevista a José Almeida Marques, de 65 anos, que recentemente aposentou-se do funcionalismo público ao fim de 52 anos após ter iniciado a carreira profissional na área da saúde, como ajudante de enfermeiro a 1 de março de 1970. Para além da área da saúde, esteve também ligado ao desporto, ao associativismo, à política e sindicalismo.
A 06 de maio de 2021 foi homenageado pelo Rotary Club de Sesimbra, referente ao ano de 2020 em que foi premiado o seu percurso profissional no centro de saúde de Sesimbra, ao longo de mais de 50 anos.
A cerimónia teve que ser adiada devido às contingências provocadas pela covid-19.
Nascido a 24 de novembro de 1956 na freguesia do Castelo, com a tenra idade (14 anos) começou a trabalhar como ajudante de enfermagem.

Recorda-se como tudo começou?
Sim, começou com o términus da escolaridade obrigatória sendo que à época era hábito arranjar trabalho para o início de uma aprendizagem de profissão e ao mesmo tempo ajudar a família.

Quais foram as circunstâncias e/ou os motivos que o levaram a escolher a área da saúde?
Foi o destino que colocou a área da saúde no meu caminho.

Como estavam organizados os vários serviços de saúde no concelho?
À época havia vários serviços de saúde, mas de organização diferente da que existe hoje, cada serviço tinha a sua organização própria e não dependiam das mesmas entidades.

Que recordações tem do posto médico da casa dos pescadores de Sesimbra?
Recordo com saudade a chegada aquele mundo desconhecido, recebido pela família do Posto Médico que me acolheram e ajudaram a crescer e me orientaram para enfrentar a vida com regras e respeito por todos.

Como surgiu a alcunha de “enfermeiro” como muitos sesimbrenses ainda o conhecem?
A alcunha surgiu naturalmente devido ao trabalho/atividade que desempenhava: “Ajudante de Enfermagem”.

Acompanhou de perto o nascimento dos vários centros de saúde no concelho de Sesimbra, como encara essa evolução?
Encarei a evolução com naturalidade principalmente após o 25 abril onde foi dado um salto quantitativo e qualitativo no acesso e atendimento a toda a população, que culminou com a criação do SNS em 1978.

No seu discurso proferido na homenagem dos rotários sesimbrenses mencionou que teve o privilégio em trabalhar e que “marcaram a sua vida profissional e pessoal, os enfermeiros António Bravo e a enfermeira parteira Carlota e também o senhor doutor Jorge António de Campos” – que ensinamentos reteve dessas aprendizagens?
Os profissionais citados foram as pessoas que marcaram a minha vida pessoal e profissional, foram os seus ensinamentos que moldaram a minha personalidade na adolescência indicaram-me sempre os caminhos da verdade, respeito, solidariedade, amizade etc. foram responsáveis pelo cidadão que me orgulho de ser hoje.

Afirmou também “que trabalhar nos serviços de saúde, não é só uma atividade profissional é quase um sacerdócio e que estamos presentes para servir o próximo” Poderemos designar como uma missão de vida?
Sim.

Como surgiu o desporto na sua vida?
Face à profissão em 1982 fui convidado e aceitei colaborar no apoio como massagista à equipa sénior do G.D. Sesimbra.

Como avalia as várias modalidades desportivas existentes no concelho?
Avalio de forma positiva, penso que as instituições do concelho têm evoluído de forma sustentável e os resultados estão à vista.

Na sua opinião, as novas gerações aumentaram ou diminuíram o interesse pelo desporto devido ao surgimento da internet e do mundo virtual?
Penso que o aparecimento das novas tecnologias causou diretamente nas novas gerações uma diminuição do interesse pela prática desportiva.

Qual foi o ponto alto na sua carreira de técnico de massagem desportiva?
Considero que o ponto alto da minha carreira desportiva foi representar Portugal como Técnico de Massagem Desportiva ao serviço da Federação Portuguesa de Patinagem que culminou com a conquista do Campeonato do Mundo de Sub-20 em 2003 ao serviço da Seleção Nacional de Hóquei em Patins.

Esteve ligado ao movimento associativo, como eram esses tempos e como o avalia presentemente?
Penso que as experiências foram positivas na altura, os desafios eram diferentes e a gestão na altura funcionava com mais amadorismo, atualmente o movimento associativo em geral tem evoluído muito principalmente na sua gestão o que ajuda significativamente a melhoria das respostas dadas à comunidade.

Atualmente aposentado da função pública e com larga experiência no campo da política, teria disponibilidade em acompanhar mais de perto a política local? Se sim, e em que moldes?
Sempre acompanhei a política local de perto e contínuo disponível para continuar nesse caminho porque as ocasiões ditam as decisões.

Comente a seguinte frase “Do nada ao quase nada uma vida cheia de tudo” (fui e sou feliz).
A frase define a vida de uma criança de 13 anos que esteve ligado aos serviços de saúde durante cinquenta e dois anos que em simultâneo foi dirigente associativo (Casa Povo Sesimbra, Bombeiros Voluntários de Sesimbra e Sindicato da Função Pública). Político (Vereador, deputado Municipal e Vogal executivo da J. F. Castelo). Técnico de Massagem Desportiva (G.D. Sesimbra, Seixal F. C. e C.U. F-Barreiro) e colaborador da Federação Portuguesa de Patinagem, e ainda houve tempo para ser neto, filho, irmão, marido, pai e avô e amigo dos meus amigos.

João Silva

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Director do jornal O Sesimbrense