Marília Barboza distinguiu o Trepa no Coqueiro como representante Consular da “Mangueira”

No passado dia 5 de Outubro, numa cerimónia simples mas cheia de significado, a Escola de Samba Trepa no Coqueiro recebeu Marília Barboza, representando a Mangueira, mítica Escola de Samba do Rio de Janeiro. Marília, que é actualmente responsável pela directoria cultural da Mangueira, veio anunciar a nomeação do Trepa no Coqueiro como representante daquela Escola, um Consulado da Mangueira em Sesimbra.
Na sua intervenção, Marília Barboza destacou que não é a primeira vez que está em Sesimbra e que é acolhida pelo Trepa: “Recordo quando vocês fizeram o enredo em homenagem ao Reinaldo e em que me citam no samba, o que me deu um orgulho enorme, estive mostrando para todo o mundo lá no Brasil, fiquei muito feliz”.
Das outras vezes que esteve em Sesimbra, esteve em nome individua mas, desta vez, veio oficialmente em representação da Magueira, materializar um projecto proposto por ela e aceite pela sua Escola, de a criação dos Consulados da Mangueira: “Aqui em Portugal, nós temos essa escola aqui, uma das mais antigas – a mais antiga de todas não existe mais, que é Cheirinhos da Fossa – então ela se situa nas mais antigas. E as pessoas que estão desde o início, essa permanência é importante porque trás a história. Então essas escolas que detêm essa história de amor ao samba e de prosseguimento pelas gerações, pelas próprias famílias, que elas se tornassem consulares. Eu hoje venho fazer o primeiro contacto, mas isso prosseguirá com um documento escrito em que, aqui em Sesimbra, a Trepa no Coqueiro vai ser a representante da Mangueira”.


Desenvolvendo um pouco do seu projecto, Marília referiu que “A história é o mais importante que nós temos, é o nosso legado para os nossos filhos. Não adianta deixar uma fortuna e não deixar um belo nome. Para mim a fortuna é completamente dispensável, mas o nome, a tradição, o amor ao que se escolhe, as suas coisas, a sua camisa, é o mais importante. Isso eu admiro demais e é essa história que eu quero que seja contada lá, e a história de lá contada aqui.”
Destacando a importância cultural e social duma escola de Samba, Marília disse o Trepa no Coqueiro “é, para mim, uma verdadeira “Escola”, porque aqui as pessoas aprendem a gostar de música, de dança, aprendem que o Carnaval não é um desfile, é um processo que dura muito tempo, e essa confecção das alegorias, das fantasias, do enredo, do samba-enredo, isso tudo se transmite à criança de ontem, como eu estou vendo a Carolina Nunes e quero ver outras, que já estão alcançando outro nível de conhecimento, de crescimento individual e de crescimento comunitário. É isso que eu vinha falar, muito obrigada por esse carinho e fiquem certos que esse carinho é recíproco e a gente espera crescer, divulgar o Carnaval, divulgar a Escola, divulgar o trabalho de cada um. Muito obrigada e vamos prosseguir juntos.”

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Marília Trindade Barboza da Silva nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Vila Isabel. Formada em Letras e Direito, é Mestre em Lingüística e Doutora em Ciência Política. Especialista em Cultura Popular, autora de mais de 15 livros, vários deles consagrados pela crítica especializada (biografias de Pixinguinha, Cartola, Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Caymmi, Luperce Miranda, Carlos Cachaça etc.), de ensaios sobre localidades do Rio, como a Mangueira e os subúrbios de Madureira e Irajá, ou ainda o Vale do Rio Paraíba, berço da cultura afro-descendente. Produziu discos, documentários em vídeo e shows, dirigiu espetáculos musicais.É compositora (parceira dos violonistas João de Aquino e Daniel Júnior e dos compositores Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Argemiro Patrocínio, entre outros).

Atuou no magistério em todos os níveis, tendo sido professora no Colégio Pedro II, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da PUC, da Universidade Gama Filho e da Universidade Santa Úrsula, além dos colégios Santo Ignácio, Santa Úrsula e várias Escolas Municipais e Colégios Estaduais do Rio de Janeiro.

Em 1988, produziu com o jornalista José Alberto Braga a Exposição “500 Anos de Brasil, Mostra de Humor Luso-Brasileiro”, Cascais-RJ, de maio a julho de 2000, exibida também nas cidades de Recife, Brasília, Piracicaba, São Paulo, Belo Horizonte, e no Museu Nacional da Imprensa, no Porto, em Portugal, com a participação de Ziraldo, Millôr Fernandes, Aroeira, Lailson, Chico e Paulo Caruso e Jaguar (pelo Brasil), além dos 7 maiores cartunistas de Portugal. No mesmo ano, também em Portugal, promoveu o primeiro encontro entre os sambistas das localidades de Sacavém, Sesimbra, Ovar e Funchal, visando a criação da 1ª Liga das escolas de samba portuguesas. Novamente com o jornalista José Alberto Braga, organizou o 1º Desfile Conjunto das Escolas de Samba Portuguesas, quando o Embaixador José Aparecido de Oliveira promoveu a 1ª Cimeira dos Países de Língua Portuguesa, em 1994

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Director do jornal O Sesimbrense