Sebastião Patrício: há 43 anos dirigente do Sesimbra

Sebastião Patrício é uma figura incontornável do GD Sesimbra, clube que no dia 10 de Agosto completa 75 anos de vida. Nascido da fusão de três clubes em 1947 – União Futebol Sesimbra, Vitória Futebol Clube de Sesimbra (na altura filial nº 6 do Vitória de Setúbal) e Ases Futebol Clube, fundados em 27/11/1915, 20/11/1927 e 5/4/1931, respectivamente – o GDS conquistou seis campeonatos distritais de futebol sénior e venceu a 1ª edição da Taça CERS de hóquei em patins.
À frente do clube há quase 30 anos (completá-los-á quando terminar este mandato) Sebastião Patrício não coloca, neste momento, a possibilidade de se recandidatar a mais um mandato como presidente da Direcção, sobretudo por questões desportivas e pessoais, sendo que estas têm a ver com a saúde da sua mulher. Mas, espera ver realizados dois objectivos: subir no futebol ao campeonato nacional e no hóquei em patins à II Divisão. Tudo depende do dinheiro disponível para montar plantéis competitivos e de quantos jovens sairão da formação destas duas modalidades, hoje charneira no clube, sem esquecer o voleibol, o futebol de praia, a ginástica e o badminton. “Esperamos que a natação regresse em breve”, afirma o líder sesimbrense, há 43 anos a servir o Grupo Desportivo como dirigente.

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O Sesimbra comemora as Bodas de Diamante. O clube atingiu os seus objectivos desportivos? Os sócios participam activamente na vida do clube?
Neste percurso houve vários objectivos cumpridos, a questão desportiva depende dos bons e dos maus resultados. O balanço é positivo. Os sócios podiam participar mais activamente na vida do clube, mas com as novas tecnologias mais o desporto em directo na televisão só podemos chamá-los se o futebol e o hóquei em patins seniores trabalharem para subir de divisão. Isso arrastará mais associados. Na formação estamos a trabalhar bem no futebol, hóquei em patins, voleibol e badminton, isto são sinais de que o clube pode atingir outros objectivos. A escolinha do futebol de praia vai dinamizar a modalidade, o clube é um dos mais antigos na sua prática desportiva. Saudamos o regresso da ginástica acrobática e de competição, que têm tradições no clube embora seja difícil voltar aos tempos áureos. Lamentamos o interregno na natação, esperamos que possa regressar o mais depressa ao seio do clube.

O futebol e o hóquei em patins são as modalidades principais no clube. O Sesimbra vai apostar em força na formação de modo a que as equipas seniores sejam formadas, maioritariamente, por jovens criados no clube?
É uma situação muito difícil. Não é fácil os jogadores provenientes da formação chegarem aos seniores. Há muitas razões que impedem que construamos equipas de seniores quase só com atletas oriundos da formação. Não é por falta de esforço da Direcção e das diversas equipas técnicas, seria bom para o clube até em termos financeiros.

Como está a saúde financeira do GDS depois da pandemia e agora com a guerra na Ucrânia? O apoio da Câmara Municipal mantem-se ou encolheu, agora que vivemos tempos complicados?
O apoio da Câmara tem sido decisivo, não só para o GD Sesimbra como para os outros clubes e associações do concelho. Apesar da pandemia, nunca houve cortes. O nosso agradecimento à edilidade pelo seu apoio. A saúde financeira do GDS é estável. Vamos entrar numa fase (pré-época) em que todas as modalidades precisam de apoio, de mais patrocínios. Temos de garantir a estabilidade de cerca de 20 funcionários que trabalham no clube. Até hoje têm recebido os seus vencimentos a tempo e horas. E temos os encargos fiscais em dia. É inquestionável que o clube precisa sempre de mais apoios, até porque movimenta muito dinheiro. As despesas correntes orçam os 60 mil euros por ano dados ao Estado em impostos. No tempo da pandemia tivemos alguns contratempos, alguns escalões nem competiram. Alguns atletas optaram então por outras modalidades, sobretudo náuticas. Quando a actividade desportiva regressou, não notámos grandes constrangimentos. A questão da guerra levou a que as famílias tenham mais encargos, o desporto deixou de ser uma das primeiras opções. É importante o Estado ter algumas preocupações em ajudar as instituições associativas, bem como os empresários do concelho.

Num balanço aos anos dedicados ao clube alguma coisa falhou ou os objectivos foram alcançados?
O clube tem comigo dois títulos de campeão distrital e uma Taça Disciplina, em 1971/72, de futebol organizada pelo extinto jornal ‘Mundo Desportivo’. No hóquei em patins ganhámos a Taça CERS e um título de campeão nacional da II Divisão. No futebol seria bom atingirmos o campeonato nacional de seniores, mas é difícil porque só uma equipa sobe.

O projecto do novo estádio da Vila Amélia é importante.
É decisivo para o futuro do clube. E é importante para a vila e o concelho. Para o Sesimbra é mesmo vital. As equipas mais jovens, que hoje jogam na Maçã passariam a jogar no estádio da Vila Amália, as instalações da Maçã ficariam só para treinos. O clube e os atletas só ganham com isso. A CM Sesimbra pode contar com o total apoio do clube para que o novo estádio seja construído. Esperamos que aconteça o mais depressa possível. Também queremos concluir as obras no pavilhão com a requalificação dos balneários, o que vai custar entre 30 e 40 mil euros. Contamos com o apoio do Estado e da autarquia. Para o clube foi importante a certificação (FPF)com 2 estrelas, para a próxima época pretendemos chegar às 3 estrelas. Vamos apostar ainda mais na formação e no futebol as entradas do Pedro Macedo e do Nuno Vieira são nesse sentido. Claro que contamos com o apoio dos outros elementos, como o Carlos Faneca, que já lá trabalham há uns anos.

No hóquei em patins o escalão dos sub-19 não vai funcionar na próxima época, mas em contrapartida o clube vai jogar nos sub-23.
O problema nos sub-19 prende-se com a falta de guarda-redes, que é transversal aos outros clubes do distrito de Setúbal, alguns clubes vão ter menos escalões em competição.

Alves de Carvalho

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Director do jornal O Sesimbrense