Saiu há poucos dias (já em janeiro de 2023) um estudo, publicado na revista científica internacional Journal of Iberian Geology (A marine bird (sulidae, Aves) from the Langhian (middle Miocene) of Penedo beach (Setúbal Peninsula—SW Portugal) and its paleoenvironmental context | SpringerLink), acerca de um osso de um “ganso patola”, proveniente da Praia do Penedo Norte (Meco).
Este estudo é um importante contributo para o conhecimento das aves fósseis em Portugal, cujo registo é escasso. Segundo o paleontólogo Silvério Figueiredo, o primeiro autor deste estudo, sem se contar com esta ocorrência, apenas estão descritos 10 fósseis de aves em Portugal.
Este fóssil foi encontrado há 27 anos pelo paleontólogo Carlos Neto de Carvalho, outro dos autores do estudo, na Praia do Penedo Norte, a norte da Praia das Bicas (Meco). Silvério Figueiredo explica que esse osso é um fragmento distal de um coracoide (um osso da cintura escapular das aves) que pertenceu a um individuo do género Morus sp (nome científico dos “gansos-patolas”) e comprova que esta ave marinha – a maior que frequenta atualmente as costas portuguesas – já vivia nas praias do concelho de Sesimbra durante o Miocénico Médio (Langhiano, idade geológica com 15.9 a 13.8 milhões de anos).
Para contextualizar estratigraficamente este fóssil, o paleontólogo Mário Cachão, também autor do trabalho, fez o estudo dos nanofósseis da sequência estratigráfica onde foi descoberto o fóssil, permitindo assim atribuir aquela datação a este achado.
Este achado foi oferecido ao Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP), tendo sido incorporando nas coleções desta instituição e podendo ser visto no Museu do CPGP, em São Caetano (Golegã).
O fragmento fóssil encontrado na Praia do Penedo Norte (à esquerda)
em comparação com o mesmo osso de um “ganso-patola” atual, à direita.
(fotografia de Silvério Figueiredo)